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Equipe de corredores parados para registrar um selfie na corrida na Serra do Piloto em Mangaratiba-RJ

Postado por admin | mar 10, 2015 | Motivação |  |     

As motivações que permeiam uma rotina de corrida são inúmeras e podem variar a cada momento de vida ou, mesmo, de um dia para o outro. Profissionais como Aline Sardinha, psicóloga clínica e coach (orientador), podem ajudar os corredores a vencer a preguiça de correr ou de realizar determinada sessão de treinos.
“Em processos de longo prazo e que podem se estender por toda a vida, como é o caso da corrida, é comum encontrarmos oscilações tanto da quantidade de motivação quanto dos elementos motivadores. Isso é normal e um bom corredor sabe fluir com essas mudanças sem se desesperar, nem tampouco abandonar os treinos”, explica Aline.
Convidamos cinco profissionais para lhe ajudar a espantar a preguiça e a desmotivação, se esse for o seu caso atualmente. Treinadores, atletas, psicólogos e coachs mostram o caminho das pedras.

1. Exercite-se de forma variada
Você pode se sentir preguiçoso ou sem energia para correr em determinados dias. Experimente, então, incluir outras modalidades no seu treino ou trocar de ambiente.
“Com frequência observo em algumas pessoas um distanciamento do ‘prazer’ de correr em detrimento do ‘dever’ de treinar. Nós, coachs, classificamos pessoas fora de série como aquelas que fazem do dever um enorme prazer. Afinal, correr obrigado é um grande desafio mental. Mas quem nunca teve dias difíceis é porque desistiu antes de conseguir seu objetivo. É preciso manter o foco, e deixar de agir não fará com que cumpra a etapa (ou treinamento). Então, agir é a chave, o caminho. Realizar atividade em lugares diferentes também é importante porque a ‘surpresa’ aumenta e aguça os sentidos. E a motivação aumenta ainda mais. Mude sua rotina de treinos sempre que o dever estiver atrapalhando o prazer. “
Anderson Brandão, treinador e coach

2. Durma
Como você pode se sentir motivado e entusiasmado se não dorme o suficiente? Problemas de sono muitas vezes decorrem de maus hábitos. A recuperação fisiológica também recupera a mente.
“O exercício físico tem variados componentes benéficos, apesar de ser um alto estressor para o organismo. O cérebro humano trabalha para buscar situações de conforto e que garantam a vida. Por isso, após situações estressantes, como o exercício, a recuperação é um componente essencial para se ter bom rendimento. Uma maneira de se garantir essa recuperação é através do sono, onde o corpo tem a possibilidade para trabalhar no seu reparo e assim garantir uma adaptação melhor ao treino. Essa regulação do sono comporta o ritmo circadiano do corpo, onde os hormônios tem momentos certos de maior e menor liberação. Um ritmo de sono adequado promove também o descanso mental, onde a atividade encefálica é reduzida e, assim, o que foi aprendido durante o dia poderá ser melhor entendido e memorizado. Portanto, o sono prepara o corpo em todos os aspectos (principalmente o mental, permitindo uma melhor raciocínio por não estar sobrecarregado) para voltar a prática esportiva em pleno funcionamento, recuperado.”
Anderson Brandão

3. Determine um prazo curto para começar
A parte mais difícil de muitas tarefas é começar. Determinar um prazo curto para começar a treinar de forma específica para uma prova – refazendo os primeiros treinos – é uma boa saída.
“Começar por uma prova curta, teoricamente mais fácil de ser cumprida, exige um preparo também mais curto e mais fácil de ser concluído. Ao completar esta prova terá finalizado também, num prazo relativamente curto, uma fase importante para quem quer ir além: o começo. Comparo as corridas com um quebra cabeça. Se tentar despejar as peças na mesa e montar de uma vez, sem estratégia e organização, certamente vai levar muito tempo. Primeiro é preciso desvirar as peças, separá-las por partes, montar partes pequenas e juntar estas pequenas partes.
Também podemos fazer uma analogia dos corredores com os malabaristas. Imagine que você faz malabaris com bolas e estas bolas são os treinos. Uma bola são os tiros, outra representa os longões, outra os educativos etc. Enquanto uma bola está lá em cima, outras estão no meio, mas pelo menos uma estará lá embaixo. E você precisa fazer esforço para colocar cada bola lá em cima. Mas você pode optar por ser malabarista com pratos e colocá-los para girar. Cada prato é um tipo de treino e você só coloca o prato seguinte para girar quando o anterior já estiver em boa velocidade. Certamente suas dificuldades serão maiores no primeiro prato, que é o começo. Mas em um determinado momento todos os pratos estarão girando, uns mais, outros menos. Seu esforço será para que eles não parem de girar. Que tipo de malabarista você quer ser?”
Mario Jorge Hilarino, treinador e coach

4. Visualize os benefícios
Há quem diga que a preguiça se alimenta também da nossa visão do problema. Ver só as dificuldades torna mais difícil cumprir a planilha. Imaginar todos os benefícios ajuda a calçar o tênis e partir para o treino, qualquer que seja o dia.
“Um estudo feito por uma das mais importantes universidades norte-americanas comprovou que dois minutos de pensamento positivo e postura corporal de vencedor aumentam em 20% nosso nível de testosterona, que é o hormônio da ação; e diminuem em 15% o nível de cortisol, hormônio do estresse. Nem sempre nossa mente e nossa linguagem corporal trabalham a favor. Não é raro problemas do cotidiano minarem nossa disposição para os treinos. Cabe ao corredor mirar o seu foco e pensar na sensação que terá ao cumprir sua meta. O pensamento pode afetar o rendimento, para melhor ou pior, dependendo de qual você vai alimentar. Costumo ilustrar esta situação com os sonhos: quem nunca sonhou com algo ruim ou que está caindo e acorda de repente com sensação de queda. Da mesma forma, sonhos bons nos fazem acordar com uma sensação de prazer. É algo como aprender a andar de bicicleta. Se você insistir em olhar para o chão, certamente vai cair. Mas se olhar para adiante, sem parar de pedalar, vai atingir sua meta”.
Mario Jorge Hilarino, treinador e coach

5. Estabeleça prêmios
Estabelecer para si mesmo um prazo para atingir determinado condicionamento e um prêmio por seu cumprimento pode ajudar o corredor a vencer a preguiça ou a falta de motivação.
“Estabelecer curtos prazos para realização de uma tarefa é um indicador de resultados positivos, e quando se determina um sistema de compensação individual, se revelam as pequenas conquistas que simbolizam grandes vitórias pessoais. Assim a preguiça não cabe mais no mesmo espaço e a autoestima amplia a força de vontade.”
Vanessa Protásio, atleta, psicóloga e coach

6. Pense nas conseqüências do não cumprimento
Uma forma de se vencer a preguiça é visualizar as consequências negativas de se entregar à inércia. Se os benefícios não forem suficientes para motivar, pensar no prejuízo financeiro (inscrição já feita para uma prova, por exemplo) ou emocional ajuda a vencer preguiça.
“Se você tem dificuldades para enfrentar a preguiça, tente adiantar o processo, pagando adiantado a mensalidade da academia ou da equipe de treinamento, porque com isso se desenvolve um trabalho com continuidade. Poder ver de perto a preguiça e tentar vencê-la é respeitar a sim mesmo e ter uma visão de futuro para sair da inércia.”
Vanessa Protásio

7. Encontre parceiros
Todos nós temos baixas em nossa motivação, e pessoas com interesses em comum podem ser o melhor apoio quando a vontade própria não é o suficiente. Isso realmente funciona? Como encontrar estes parceiros? Necessariamente tem que ser alguém que corra e que seja mais rápido que você?
“Encontrar um parceiro de corrida costuma ser uma estratégia eficaz para momentos de menor motivação. Esse parceiro pode ser um professor, um amigo, a esposa, um grupo de corrida ou mesmo o cachorro. Na realidade, a ideia aqui é acrescentar motivadores pela presença de outra pessoa. Vale aqui o que funcionar para você. Não espere a pessoa ideal, se estiver precisando de uma forcinha, corra com quem estiver disponível. Parceiro bom é quem está ali na hora. Mesmo que você acabe correndo menos do que correria sozinho, em alguns momentos, o ótimo é inimigo do bom. Melhor contar com o apoio do amigo e fazer o treino dele do que ficar enrolando em casa e não ir correr. As redes sociais também podem ser ótimos aliados nesse sentido. Através delas, podemos descobrir que um amigo que não corria passou a correr, ou mesmo anunciar: “alguém se anima de correr hoje”? Faça o teste e veja como a corrida pode, além de tudo, se transformar em uma maneira de rever amigos, estreitar laços e ativar sua rede de contatos”.
Aline Sardinha

8. Divida a tarefa em partes administráveis
Dividir a evolução do condicionamento em etapas menores, à primeira vista mais fáceis de cumprir, com prazos para início e alcance de metas, pode ajudar.
“Se a motivação não tende a se manter por longo prazo, uma dica é sempre ter alguma recompensa durante o caminho. Pode ser uma meta nova, uma corrida de rua, perder peso etc. Estipule pequenos objetivos administráveis para que você possa ter mais pontos de recompensa. Podemos usar aqui a lógica do videogame. Mesmo antes de você passar de fase, ao longo do trajeto, volta e meia tem uns bônus para alegrar o caminho. O mesmo serve para a corrida ou qualquer outro objetivo de longo prazo. Isso porque nosso cérebro, para se motivar com algo que pode vir a ocorrer no futuro, precisa formar uma representação daquela recompensa ou daquele objetivo na tela da consciência. Se o esforço é grande e o objetivo nunca chega, o poder dessa expectativa de recompensa é menor. Por isso, pequenos lembretes do sucesso na vida real tendem a funcionar ao nos darem a impressão de que estamos no caminho certo e que a probabilidade do sucesso esperado é cada vez maior. Além disso, metas administráveis tendem a gerar mais sucesso no longo prazo, estabelecendo desafios que respeitem o limite do seu corpo e diminuindo a chance de o seu plano ser atravessado por uma lesão. Um grande vilão aqui é o pensamento tudo ou nada, que nos leva a desqualificar os pequenos avanços ao invés de valorizá-los e usá-los a nosso favor. Correr 1 km é muito melhor do que correr nenhum. O pensamento tudo ou nada (“ou eu faço o treino todo ou não vale”, “correr 5 km não serve para nada”) é uma verdadeira armadilha para a motivação e o sucesso.”
Aline Sardinha

9. Concentre-se no treino
Muita gente enquanto treina aproveita para organizar seu dia, ter novas ideias e a concentração foge à corrida. Evitar esses pensamentos faz com que o corredor não fique ansioso para finalizar o treino – às vezes sem fazê-lo por inteiro – e partir para outras tarefas.
“Penso que o momento do treinamento seja meio que um ritual para liberação de endorfina e baixa do nível de adrenalina, com a consequente queda dos níveis de ansiedade. Se a pessoa que está treinando não consegue se concentrar no exercício, desperdiça a oportunidade preciosa de estar consigo mesmo naqueles instantes. De olhar para si próprio e, assim, corrigir alguns comportamentos. O mais importante deles, em minha opinião, é o de não perceber seus movimentos e a evolução de seu corpo. No momento do exercício os pensamentos devem estar voltados para a perfeita execução do movimento, e relaxamento das tensões do dia a dia. Isso só se consegue com determinação e exercício mental, pois os pensamentos são mais invasivos do que imaginamos e ocupam nossa mente como de assalto. O exercício consiste em atingir o melhor grau de concentração possível para com isso evitar a chegada desses pensamentos nas horas mais improváveis.”
Paulo Ribeiro, psicólogo clínico e do esporte

10. Descreva seu processo
Comparar o rendimento de um dia em que se dedicou ao treino com o de outro, em que se entregou à preguiça, pode ajudar?
“Cada vez que a pessoa põe no papel uma espécie de inventário sobre si própria, consegue perceber visualmente o que necessita ser corrigido. É o mesmo que fazer um controle diário de gastos. Onde poupar e no que se pode gastar um pouco mais. Essa contabilidade funciona muito bem para atletas que necessitam atingir metas ou melhorar performance, mas é necessário o acompanhamento de um profissional até que a pessoa possa se condicionar sozinha e exercer essa atividade diariamente.”
Paulo Ribeiro

Fonte: https://contrarelogio.com.br/xo-preguica/

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