Todos nós estamos acostumados a ler matérias sobre a cultura corporal, os benefícios da ginástica estética, músculos enrijecidos e menos gordura corporal. Mas o que quase não abordamos nesses temas, e que é de extrema importância falar, é como a prática de atividades físicas apresenta efeitos benéficos na saúde mental. Eu gosto muito de abordar esse tema e vejo que muito tem ajudado no entendimento de alguns males da modernidade como estresse e síndrome do pânico.
Comentamos sempre sobre os benefícios do exercício para o sistema cardiorrespiratório e muscular e até para função comportamental, mas para os benefícios da saúde mental, a plasticidade ainda é pouco discutida no meio esportivo.
O Sistema Nervoso juntamente com o Endócrino, é responsável pela maioria das funções do organismo. As principais células que compõem esse sistema recebem o nome de neurônios. As substâncias químicas sintetizadas e liberadas por esses neurônios são chamados de neurotransmissores. O ser humano se alegra e se entristece no decorrer da vida. Isso no nosso universo é normal, mas em algumas pessoas essa variações se tornam excessivas tanto na intensidade quanto na duração, podendo interferir na sua vida cotidiana, sendo assim, as pessoas podem apresentar um quadro de transtorno afetivo ou uma depressão mental.
Quimicamente falando, a depressão é causada por uma falha nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios que dão a sensação de prazer como a serotonina e a tão conhecida endorfina que atua como um calmante natural diminuindo a ansiedade, a dor e o aumento do prazer. A depressão está ligada também à diminuição da produção de novos neurônios. Ela é um dos transtornos mais vistos no mundo inteiro e atinge principalmente as mulheres. Uma das causas podem ser a sobrecarga diária ou as alterações de humor devido à menopausa, tensão pré-menstrual ou pós-parto. Seus sintomas são a perda de apetite, perda do sono, emagrecimento não saudável, dores no corpo, ideias de morte, etc.. Os medicamentos fazem com que a produção dos neurotransmissores se normalize. Em alguns casos a orientação é a prática da atividade física associada ao medicamento. Os exercícios físicos também contribuem para o aumento da neurogênese, aumento de neurotransmissores e aumento da produção de endorfina e serotonina, pois produzem efeitos químicos semelhantes aos da medicação.
Podemos destacar os seguintes benefícios do exercício físico no cérebro:
– Aumento da ação dos neurotransmissores;
– Aumento do metabolismo;
– Aumento da sobrevivência das células, ajudando a aumentar a resistência do cérebro ao dano.
Além disso, há um aumento dos fatores neurotróficos que sinalizam para células-tronco a formação de novos neurônios, novos vasos e novas sinapses nervosas.
A prática de atividades físicas regulares tem se mostrado responsável também pelo perfil resiliente que muitas pessoas apresentam. A resiliência, ou resistência ao estresse às adversidades, é um fenômeno novo. O termo deriva do conceito de “invulnerabilidade”. A resiliência é uma habilidade que algumas pessoas apresentam de se adaptarem com sucesso ao estresse agudo ou crônico. Surgiu da premissa que algumas pessoas, depois de passarem por terríveis situações, não são atingidas psicologicamente e apresentam um desenvolvimento estável e saudável.
O exercício é principalmente prevenção, mas também pode ser tratamento. Há estudos que comprovam a eficiência na plasticidade, no aumento da autoestima, na melhora do humor positivo. A raiva e agressividade são exemplos de humos negativos. Vemos também a melhora da cognição e uma melhor maneira de solucionar e resolver problemas e enfrentar os medos.
Não vamos generalizar e nem esquecer de que somos únicos. E cada caso é um caso. Todas as conclusões devem ser analisadas de forma separada.
O American College of Sports Medicine que é a maior organização científica de esporte e medicina do mundo, recomenda:
1. Atividades aeróbicas: intensidade moderada pelo menos 30 minutos diários em cinco dias da semana.
2. Treinamento de força: exercícios com peso realizados em uma série de 10-15 repetições, de 8 a 10 exercícios que trabalhem os grandes grupos musculares, de dois a três dias alternados.
3. Flexibilidade: atividades de pelo menos 10 minutos com o maior número de grupos de músculos e tendões, por 10 a 30 segundos em 3 a 4 repetições de cada movimento estático, todos os dias de atividades aeróbicas e de fortalecimento.
4. Equilíbrio: exercícios de equilíbrio três vezes por semana.
Ao primeiro sinal de mudanças comportamentais, procure um médico, mas lembre-se que a prática de exercícios físicos regularmente pode ser uma alternativa natural contra a ansiedade e depressão não apenas fisiológico, mas por fatores psicológicos também. Vale enfatizar que mais que as melhorias descritas, a adoção de um estilo de vida ativo faz parte de um viver com saúde e qualidade de vida!
Procure sempre um profissional de Educação Física para que tenha uma orientação sobre qual a melhor atividade física para você. Somente esse profissional poderá indicar o melhor treinamento que você deverá seguir e sempre leve nos seus treinos, seja no outdoor ou indoor. Trabalhe sempre na zona-alvo de treinamento, ela é a maneira mais segura para que possa atingir seus objetivos.
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